Martinho da Vila e Clara Nunes em estilo HQ no Riopreto Shopping
Martinho da Vila e Clara Nunes, serão homenageados com os desenhos sensacionais e irreverentes de Hélio Kaname e Wesley Estácio no Riopreto Shopping.
O projeto “Desenhando com os gênios da MPB”, não poderia deixar de fora o ritmo mais brasileiro de todos, o Samba!
Composta por 20 telas impressas com os desenhos, em “estilo HQ – História em Quadrinho”, a exposição acontece de 15 a 25 de fevereiro.
O projeto “Desenhando com os gênios da MPB” teve início em agosto, com a proposta dos artistas plásticos convidados a participar se inspirarem em músicas dos gênios homenageados.
Em agosto foi a vez do músico Gilberto Gil, pelos artistas Eduardo Bittencourt e Marcelo Lopes; em outubro, Zé Ramalho, com os artistas plásticos Edna Stradioto e Rafael Cubone; em dezembro, Rita Lee pelas artistas Germana Zanetti e Jane Ferrari; e em janeiro, Tim Maia por Wild Wilde.
Desafio e estilo
E desenhar para o projeto foi um divertido desafio para Hélio e Wesley, que são desenhistas/ilustradores de área bem distintas do samba! Os dois selecionaram 10 músicas de cada sambista para inspiração.
Do Martinho da Vila, escolheram: Samba do Trabalhador, Ninguém Conheçe Ninguém, Batuque Na Cozinha, Requenguela, Verdade Verdadeira, Cresci no Morro, Pagode da Saideira, Não Rolou, Mas Vai Rolar, Segure Tudo e Aquarela Brasileira.
Da ampla discografia de Clara Nunes, os desenhistas escolheram: Abrigo de Vagabundos, Deixa Clarear, Ê, Baiana, Eterna Clara Nunes (não é música e sim, um retrato da artista), Grande Amor, Jardim da Solidão, Meu Sapato Já Furou, Morena de Angola, Ninguém e Tudo é Ilusão.
Hélio Kaname
Fanzineiro por quase dez anos, em 2010 lançou o quadrinho mundo nerd, que teve quatro edições. Desse quadrinho também saiu o Chapolin Mau, em 2012. Personagem esse que talvez seja o mais marcante, seu quadrinho teve quatro edições que foram publicadas até o ano de 2014, após isso o personagem continuou vivo na internet em forma de tiras.
Trabalhou no quadrinho Creepy Pasta, um projeto do SESC Rio Preto, onde também sempre atuou com oficinas, workshops, e exposições e eventos na área de quadrinhos.
Em 2015 começou o projeto Quadrinhos Azuis, que são tiras comuns da simplicidade do nosso dia a dia.
Faz parte do coletivo Capivara Labs, e já participou de grandes eventos voltados para quadrinhos entre eles, o RAF ( Ribeirão Anime Fest) CAF ( Campinas Anime Fest), FIQ ( Festival Internacional de Quadrinhos), entre outros eventos na nossa região.
Wesley Estácio
Wesley S. Estácio é ilustrador autodidata, quadrinista, escritor, designer versado em diversos softwares de criação e edição de vídeo, com formação acadêmica em Artes Plásticas e atualmente, Publicidade e Propaganda – ambas na faculdade UNIRP.
Também é membro do Coletivo Capivara LABS, junto de seu grande amigo Hélio Kaname, cujo projeto o fez participar dos maiores eventos do gênero pelo país como a CCXP – Comic Com Experience, em São Paulo, FIQ – Feira Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, o RAF (Ribeirão Anime Fest) e CAF – Campinas Anime Fest.
Leitor assíduo e apaixonado por histórias em quadrinhos desde pequeno, colecionador de diversos títulos e também produtor de suas próprias HQ’s, busca trazer para essa exposição um pouco do olhar artístico, multicolorido e por vezes, ambíguo desse universo para tornar a miscelânea desse projeto mais diversificada e atraente.
Martinho da Vila
Martinho José Ferreira nasceu em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro de 1938.
Filho de Tereza de Jesus e Josué Ferreira, lavradores da Fazenda do Cedro Grande, foi para o Rio de Janeiro com apenas quatro anos.
Criado na Serra dos Pretos Forros (Boca do Mato – Lins de Vasconcelos), sua primeira profissão foi a de auxiliar de químico industrial, com diploma adquirido em curso intensivo do Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Alistou-se no exército como voluntário no Segundo Batalhão de Carros de Combate, chegando a ser cabo e sargento. Cursou a Escola de Instrução Especializada, onde se formou em contabilidade.
Como artista se tornou conhecido do grande público no III Festival de MPB da TV Record, em 1967, quando apresentou o partido-alto Menina Moça; no ano seguinte lançou o clássico Casa de Bamba, seu primeiro sucesso, seguido de O Pequeno Burguês.
Em 1969 gravou o LP intitulado Martinho da Vila, que atingiu o primeiro lugar na parada musical em execução radiofônica e foi recordista em vendagem naquele ano.
Martinho da Vila conservou o estado civil de solteiro até conhecer Cléo (Clediomar Corrêa Liscano), no final da década de oitenta. Para compensar, em maio de 1993, casou-se com ela duas vezes, no civil no dia 13 e no religioso no dia 31.
Nacionalmente conhecido como sambista, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB, muitas de suas composições foram gravadas por cantores e cantoras de diversas vertentes musicais.
Também tem ligação com a música erudita e participou do projeto sinfônico Clássicos do Samba sob a regência do saudoso Maestro Sílvio Barbato, e apresentou-se com diversas orquestras sinfônicas como a Campesina de Friburgo e a Orfeônica da Dinamarca.
Idealizou, em parceria com o Maestro Leonardo Bruno, o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação do negro na música erudita.
É escritor de livros infantis, infanto-juvenil, biografias e romances.
É membro efetivo da Academia Carioca de Letras, do PEN CLUB e da Divine Académie Française des Arts, Letres e Culture.
Já como ativista cultural, foi membro do Conselho Estadual de Cultura e da Comissão de Apoio à Cultura, do Ministério da Cultura.
Foi responsável pelo projeto “O Canto Livre de Angola” que, em 1982, trouxe os primeiros artistas africanos ao Brasil.
Liderou o Grupo Kizomba, e foi promotor do pioneiro “Encontros Internacionais de Artes Negra”.
Recebeu o título honorário de Embaixador Cultural de Angola e Embaixador da Boa Vontade da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), por ser um incentivador das relações linguísticas do português e divulgador da lusofonia.
No Brasil foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura e recebeu as comendas mineiras Tiradentes e JK. É Comendador da República da Ordem do Barão do Rio Branco, em grau de Oficial.
Em 1995, com o CD Tá delícia, Tá gostoso, consagrou-se como o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas em tempo recorde.
Como compositor, Martinho da Vila começou na extinta Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato. Ele passou a dedicar-se à Escola do Bairro de Noel em 1965 e a história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a sua, que acabou tendo o “Da Vila” acoplado ao seu nome.
Nunca exerceu oficialmente a presidência administrativa da escola, mas por várias vezes esteve à frente da agremiação da qual é o Presidente de Honra, com busto de bronze na entrada da quadra de ensaios e eventos.
Os sambas de enredo mais consagrados da escola são de sua autoria, dentre os quais Iaá do Cais Dourado, Sonho de Um Sonho, Raíses (Antológico samba-enredo sem rimas).
Também criou vários temas para desfiles, dentre os quais Kizomba, a Festa da Raça que está entre os mais memoráveis da história dos carnavais e garantiu para a Vila, em 1988, seu consagrado título de Campeã do Centenário da Abolição da Escravatura.
Além disso, colaborou na criação de outros temas, entre os quais o Soy Loco Por Ti América, que deu a Vila o título máximo do carnaval de 2006 e é coautor do enredo e também do samba-enredo A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo, campeão de 2013.
Entre os prêmios que conquistou estão alguns que são de reconhecimento pessoal pelo seu compromisso com a comunidade: Prêmio Shell de Música Popular Brasileira (1991); Cidadão Carioca; Cidadão benemérito do Estado do Rio de Janeiro; Comendador da República em grau de oficial; e a Ordem do Mérito Cultural, pela contribuição à cultura brasileira.
Seu atual trabalho musical, lançado em janeiro de 2018, é denominado: Alô Vila Isabeeel!!!
Martinho da Vila é casado com Cléo e pai de oito filhos: Preto, Alegria, Tunico, Martinho, Mart’nália, Maíra, Analimar e Juju.
Entre as músicas mais conhecidas de Martinho da Vila estão: Canta canta, minha gente; Quem é Do Mar Não Enjoa; Prá Que Dinheiro; Tá delícia, tá gostoso; Mulheres; Devagar, devagarinho; Segure Tudo; Chora Carolina; Casa de Bamba; Batuque na cozinha; Madalena do Jucu; e O Pequeno Burguês.
Clara Nunes
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro nasceu em 12 de agosto de 1942, em Paraopeba. Mas foi como Clara Nunes que ela se tornou uma das vozes mais importantes da música brasileira. E assim como outros artistas consagrados, partiu cedo demais, aos 40 anos.
Clara foi uma artista de raiz, sempre imersa na música popular brasileira, pesquisadora de seus ritmos, folclores e das tradições afro-brasileiras. E foi assim que ela viajou para vários países levando a nossa cultura.
Convertida à umbanda, carregava a cultura africana em suas canções e vestimentas.
Portelense de coração, Clara foi uma das cantoras que mais gravou canções dos compositores da tradicional escola de samba carioca.
Além disso, ela foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias.
Filha de Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes, Clara Nunes era a caçula de sete irmãos. Como ficou órfã muito cedo, acabou sendo criada pelos irmãos Maria Gonçalves (Dindinha) e José (Zé Chilau).
Ainda criança Clara participada das aulas de catecismo e cantava ladainhas em latim, no coro da igreja.
Ela contava que cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira.
Foi aos 10 anos de idade que Clara venceu seu primeiro concurso de canto, interpretando “Recuerdos de Ypacaraí”.
Mudou-se para Belo Horizonte, onde morou com os irmãos Vicentina e Joaquim. A mudança foi necessária depois do assassinato um namorado, cometido em 1957 por seu irmão Zé Chilau.
Na capital mineira, Clara trabalhou como tecelã durante o dia e fez o curso normal à noite. Aos finais de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava. Foi quando conheceu o violonista Jadir Ambrósio conhecido por ter composto o hino do Cruzeiro.
Admirado com a voz da jovem de 16 anos, Jadir levou Clara a vários programas de rádio, como “Degraus da Fama”, no qual ela se apresentou com o nome de Clara Francisca.
Já no início da década de 1960, a promissora cantora conheceu Aurino Araújo que a apresentou a muitos artistas. Ele também foi seu namorado durante dez anos.
Por influência do produtor musical Cid Carvalho, ela mudou seu nome para Clara Nunes, sobrenome de sua mãe.
Carreira
Em 1960 ela venceu a etapa mineira do concurso “A Voz de Ouro ABC”, com a música “Serenata do Adeus”, composta por Vinícius de Moraes e gravada anteriormente por Elizeth Cardoso. Na final nacional do concurso, Clara ficou em terceiro lugar.
A partir daí, Clara Nunes começou a cantar na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte.
Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais.
Ela passou a se apresentar como crooner em clubes e boates na capital mineira e chegou a trabalhar com Milton Nascimento, que na época era baixista e conhecido como Bituca.
Foi também nessa época que fez sua primeira apresentação na televisão, no programa de Hebe Camargo, na capital mineira.
Aliás, Clara ganhou um programa exclusivo na TV Itacolomi, o “Clara Nunes Apresenta”, exibido por um ano e meio.
Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro, escolhendo o bairro de Copacabana como seu endereço.
Na capital carioca Clara Nunes se apresentava em vários programas de televisão, passando também por emissoras de rádios, escolas de samba, clubes e casas noturnas nos subúrbios cariocas.
Foi em 1965 que ela registrou pela primeira vez a sua voz em um LP. Clara assinou com a gravadora Odeon, na qual ficou por toda a vida.
Em 1968 ela gravou seu segundo disco, o primeiro onde cantaria sambas. Já no ano seguinte conquistou o primeiro lugar no “I Festival da Canção Jovem de Três Rios”, interpretando “Pra Que Obedecer”.
Em 1970 a cantora se apresentou em Luanda, a capital de Angola.
No ano seguinte marcou uma nova imagem, ao gravar “Ê Baiana”. Para a capa do disco a cantora fez permanente nos cabelos pintados de vermelho e então passou a se vestir com roupas que remetiam às religiões afro-brasileiras.
O disco “Clara Nunes” foi lançado em 1973, mesmo ano em que a cantora estreou com Vinicius de Moraes e Toquinho o show “O poeta, a moça e o violão”.
Além disso, ela foi convidada para fazer uma temporada em Lisboa e outros países da Europa. Na Suécia gravou um especial para uma TV local, ao lado da Orquestra Sinfônica de Estocolmo.
Em 1974 foi lançado o álbum Alvorecer, que bateu recorde de vendagem para cantoras brasileiras, com mais de 300 mil cópias.
No ano seguinte o LP “Claridade” trouxe mais um grande sucesso, a música “O Mar Serenou”.
Foi em 1975 que Clara se casou com o compositor e produtos Paulo César Pinheiro.
Ela estava entre os artistas que se apresentaram no Riocentro, em 1978. O show ficou marcado na história política brasileira devido à explosão de uma bomba.
Depois de sofrer três abortos espontâneos, Clara Nunes se submeteu a uma cirurgia para a retirada do útero, em 1979.
O período foi bastante difícil para a cantora que sonhava ser mãe, e sua entrega absoluta à carreira artística foi fundamental para reequilibrar seu emocional.
No álbum “Brasil Mestiço”, de 1980, Clara gravou mais um grande sucesso: Morena de Angola.
Seu último trabalho em estúdio foi “Nação”, em 1982.